Todos os desafios necessitam de uma liderança “forte” e as empresas não são exceção. Os decisores marcam a cadência no progresso da procura de soluções para as oportunidades que se enfrentam.
As boas noticias são que as bases da liderança no mundo digital não diferem da liderança como até aqui a conhecemos. Contudo, é perceptível que o mundo se tornou mais digital, mais rápido e mais competitivo. Nenhuma empresa vive, hoje, se não tiver uma base de tecnologia sobre os seus processos a apoiar as suas equipas, alavancado com a capacidade criativa humana.
A principal diferença é que estamos perante um novo ecossistema onde o digital começa a assumir uma importância estratégica primordial. Sendo algo novo e tecnicamente complexo, traz também inseguranças aos gestores e líderes empresariais, principalmente pelo desconhecido que é estar perante algo novo e sem experiência passada e lhes ser exigido clarificar e apontar o caminho do crescimento e da sustentabilidade.
Estamos perante a criação de um novo modelo de gestor, o qual, além das competências base de gestão, finanças, recursos humanos, logística, carece de adquirir competências técnicas de gestão de sistemas de informação, de estruturação de arquiteturas tecnológicas, de avaliação de impactos de tecnologias disruptivas e de potencial de negócio digital aplicado à sua atividade.
A este modelo acrescem ainda competências sociais, de organização e de criatividade, cada vez mais fundamentais na criação de coletivos, não descurando o indivíduo e o foco no alcançar do objetivo.
São muitas competências e responsabilidades para uma pessoa, pelo que deve ser adotado um modelo claro de partilha de conhecimento sensemaking, o qual garante um modelo de liderança de equipas com competências dinâmicas ao contexto específico de um projeto ou desafio.
Esta cultura de partilha e de reunião de conhecimento deve partir do líder, que deve dar capacidades aos vários interlocutores da sua equipa de gestão para organizarem equipas multidisciplinares e de diversidades de conhecimentos, com a agilidade de resolver rapidamente os problemas e os projetos, independentemente do seu nível hierárquico na organização, minimizando os egos individuais e maximizando a criação de equipas.
Tal como há muitos problemas que não se resolvem apenas com mais dinheiro, também não é certamente com o “despejar” de tecnologia em problemas nos processos existentes dentro da empresa que ficaremos com uma empresa transformada digitalmente.
Importa, por isso, garantir uma estratégia e uma visão digital de quem lidera, entendendo que deve partir de uma base de análise dos processos e das pessoas com as tecnologias de hoje, redesenhando como se tudo iniciasse hoje. Definir esse ponto como objetivo e caminhar para lá, assumindo frontalmente o que está menos bem atualmente e tendo coragem de avançar. Fazer, errar rápido e aprender.
Em conclusão, a realidade é que uma liderança empresarial nos tempos atuais tem de garantir a contínua e evolutiva competitividade, sabendo equilibrar o que é a atividade diária operacional, com ciclos contínuos de inovação.
Um líder do século XXI não pode apenas entender como fazia o seu negócio no passado. Tem de entender como será o seu negócio digital no futuro, só assim terá uma empresa competitiva.
Paulo Veiga
(CEO da EAD)
(in https://lidermagazine.sapo.pt/lideranca-desafios-e-caminhos-para-a-transformacao-digital/)