O Plano de Recuperação e Resiliência que nasceu para repor o crescimento económico sustentável e sustentado do nosso país, tem agora uma nova componente, integrada na dimensão da transição digital: o “Empresas 4.0”.
Este programa tem como alvo as empresas e procura promover a digitalização da economia. Como? É necessário que os operadores económicos adotem a tecnologia e digitalizem os seus modelos de negócio, ao mesmo tempo que deve haver a sensibilização e a capacitação de todos os trabalhadores e empresários.
Relativamente a esta componente foi criado o Regulamento do Sistema de Incentivos Empresas 4.0, a saber:
– Rede Nacional de Testbeds – criação de uma rede nacional de test beds, através do apoio a infraestruturas que visam criar as condições necessárias às empresas para o desenvolvimento e teste de novos produtos e serviços;
– Aceleradoras de Comércio Digital – estímulo à transição digital de micro, pequenas e médias empresas com atividade comercial, através da criação de 25 aceleradoras de proximidade, locais ou regionais, bem como de um sistema de incentivos financeiros à digitalização dos modelos de negócio;
– Internacionalização via e-commerce – investimento no desenvolvimento de serviços de suporte aos processos de internacionalização das PME;
– Apoio a Modelos de Negócio para a Transição Digital (Coaching 4.0) – fomentar a integração de tecnologia nas empresas, apoiando o desenvolvimento de processos e competências organizacionais que fomentem a transformação digital do modelo de negócio das organizações;
– Voucher para startups – Novos produtos verdes e digitais – apoio a startups, em fase de seeding, visando o desenvolvimento de novos produtos e serviços com forte componente digital e verde;
– Vales incubadoras/aceletadoras – apoio às incubadoras/aceleradoras para investimento no seu desenvolvimento;
– Digital innovation hubs – apoio a polos de inovação digital selecionados;
– Selos de certificações de cibersegurança, privacidade, usabilidade e sustentabilidade – investimento em quatro novas plataformas de certificação em cibersegurança, privacidade, usabilidade e sustentabilidade.
É assim que, com esta componente, nasce o Regulamento do Sistema de Incentivos Empresas 4.0, com uma série de medidas que têm como objetivo potenciar a transição digital. Além da criação de 25 aceleradoras de comércio digital e de um sistema de incentivos financeiros à digitalização dos negócios é criado o Coaching 4.0, que incentiva à integração de tecnologia nas empresas e das competências organizacionais necessárias à transformação digital; será disponibilizado o voucher para startups, que compreende o apoio a startups que desenvolvam produtos e serviços mais digitais e verdes, bem como vales de apoio a incubadoras e aceleradoras, e está prevista a medida de digital innovation hubs, que pretende apoiar polos de inovação digital.
Mas serão estas as medidas de que o tecido empresarial português precisa? A verdade é que é difícil saber.
Não podemos dizer, pelo menos por agora, o que está mal com estas medidas. Podemos, sim, dizer que com as medidas criadas, as empresas vão ter acesso aos Fundos do PRR mais de forma indireta, do que diretamente, sendo as associações empresarias, os polos de inovação, as aceleradoras de comércio digital e as incubadoras aquelas que terão um acesso mais direto e que terão aqui o dever de funcionar como grande catalisador destes fundos.
Assim, com mais um elo no circuito, podemos dizer que está criada a oportunidade de dar a resposta necessária às nossas empresas? Quer em termos de timing (as empresas precisam de investir já), quer em termos montantes, a resposta parece ficar aquém do necessário.
Sabemos hoje que a tecnologia é o futuro. Mas sabemos também que custa dinheiro e traz desafios, muitos deles desconhecidos (como é o caso da segurança da informação, por exemplo). Por isso, estas medidas criam apreensão sobre a bondade destas verbas. O que nos resta? Ter fé e esperar pelo Portugal 2030.
Paulo Veiga, CEO da EAD – Empresa de Documentação e Arquivo
(in https://www.dinheirovivo.pt/opiniao/empresas-40-a-resposta-de-que-portugal-precisa-14902309.html)