De economista mediano a quase militar, o convidado deste episódio do podcast “O CEO é o limite” ainda ponderou fazer futuro na agricultura, a plantar morangos em Vila Nova de Milfontes. Ao invés disso Paulo Veiga, o CEO da Empresa de Arquivo de Documentação, criou um império a arquivar documentos de terceiros.

É sem rodeios nem lamentos que Paulo Veiga olha para o passado e traça o seu caminho. Enquanto estudante, o fundador e presidente do grupo EAD diz que fez tudo na faculdade “menos estudar”. E isso garantiu-lhe um diploma de “economista suficiente, nem bom nem mau”. Ostenta-o na parede do seu escritório, para lhe relembrar que o canudo é apenas isso, um canudo, e que, em regra é apenas o princípio de algo maior. Foi o seu caso.

Percebeu cedo que com uma média de 11,5 valores, num período em que para um empregador a média era uma espécie de passaporte – ou era boa, ou não se ia longe -, teria poucas hipóteses de carreira. Mas também percebeu que uma boa média não se traduzia necessariamente num futuro aliciante: “eu olhava para todos os meus colegas, com as médias melhores, e via-os ir para o Banco de Fomento Exterior, para o Totta & Açores, para Banco Fonsecas e Burnay e chegavam lá e punham-nos a tirar fotocópias, extremamente frustrados”, recorda.

Uma entrevista de emprego para a Sonae acabaria por lhe ditar o destino. O diploma de 11,5 valores fê-lo cair no lote dos excluídos, mas percebeu ali que “ou arregaçava as mangas e fazia acontecer, ou não ia longe”.

Num tempo onde não se falava de business angels ou investidores em Portugal, e em que financiar um projeto de raiz aos 21 anos, sem capitais próprios e sem garantias a apresentar era basicamente impossível, Paulo Veiga recorreu à família e a um professor do ISEG para financiar o arranque da EAD. Antes disso, ainda andou a ver terrenos em Vila Nova de Milfontes para se dedicar à plantação de morangos.

À distância de quase três décadas e na liderança de uma equipa de 400 pessoas, o CEO da EAD diz que o segredo do caminho que percorreu foi “ter aquela capacidade de vender o meu sonho aos outros”. E foram também as pessoas com quem se cruzou ao longo do caminho e com as quais aprendeu. Porque no fim, diz, o que verdadeiramente importa é que saibamos escolher as empresas e os líderes em que nos revemos “e tirar-lhes tudo o que têm para nos dar”.

Oiça aqui o podcast: https://expresso.pt/podcasts/o-ceo-e-o-limite/2024-04-08-Paulo-Veiga-CEO-da-EAD-Temos-de-escolher-empresas-onde-nos-revejamos-nos-lideres-e-tirar-lhes-tudo-o-que-tem-para-nos-dar-89094b62