“Atualmente as empresas vivem perante ameaças endógenas, mas essencialmente exógenas derivadas das rápidas alterações de mercado, regulamentos e tecnologia.”

A transformação digital é a expressão da moda no mundo atual. Os que se mantiveram alheios a essa revolução silenciosa pagaram um alto preço.

A verdade é que, atualmente, as empresas vivem perante ameaças endógenas, mas essencialmente exógenas derivadas das rápidas alterações de mercado, regulamentos e tecnologia. Nesse sentido, a disrupção foi levada a um extremo nunca conhecido.

Isto é, atualmente há um processo de disrupção e inovação assente em tecnologia que, diria o economista Joseph Schumpeter, está intimamente ligado ao sistema capitalista, onde cada nova revolução do mercado destrói o ciclo anterior e toma o seu próprio mercado, numa espécie de darwinismo corporativo, eterno, que concede apenas aos mais ágeis o privilégio de sobreviver à sede de renovação do tempo.

Nos últimos anos, o termo passou a ser usado incorretamente, como um autoelogio a qualquer empresa que se julgue inovadora. Mas disrupção não é sinónimo de inovação.

Na verdade, qualquer empresa disruptiva é inovadora, mas o contrário não necessariamente verdade.

Não há setores imunes a este processo. Banca, seguros, saúde, indústria e serviços, todos estão pressionados a mudarem os seus comportamentos nativos, sejam eles na relação com os seus trabalhadores, e principalmente, com os seus clientes.

Agora que sabemos o que é disrupção, e que faz parte da gestão das nossas organizações, precisamos garantir que tenham uma gestão de disrupção.

Correndo o risco de não ser politicamente correto, diria que existem duas grandes áreas completamente distintas de disrupção. Por um lado, disrupção é entendida como a capacidade de identificar e criar um produto/serviço que rompa com o status quo do mercado, desestabilizando os concorrentes tradicionais e criando a oportunidade e, portanto, a vantagem competitiva. Tem de deixar de ser vista como uma ameaça: entenda-a como oportunidade para aprender e adaptar-se. É por isso que é cada vez mais uma área muito popular nos cursos de gestão. Para tal, os gestores devem abraçar esta disciplina da gestão e incorporá-la nos seus planeamentos estratégicos, equalizando a relação entre negócio vigente e consequências futuras do processo contínuo de transformação digital dos mercados.

Nunca é de mais lembrar que a única saída das organizações, ditas tradicionais e consolidadas, que atualmente dominam os mercados onde atuam, é tornarem-se disruptivas, caso contrário, estagnam e desaparecem rapidamente, perdidas neste novo ecossistema.

Por outro lado, a disrupção está, hoje, também associada a algo completamente diferente. Estou a falar do risco de interrupção das atividades das organizações, motivada por acidentes, erros, ou mesmo ataques informáticos. É a chamada disrupção do negócio, que pode levar a perdas incalculáveis, desde as financeiras às de imagem e confiança no mercado.

Nesta matéria, o que se pode aconselhar é o investimento nas áreas de compliance e contingência

A exposição comercial, potenciada pelos meios digitais, a utilização massiva de tecnologias cloud e o surgimento de uma indústria de hackers, levam a que as organizações tenham de incluir robustos meios financeiros e tecnológicos para protegerem os seus ativos e garantir níveis de compliance elevados. Tudo isto protegido adicionalmente por uma boa cobertura de seguros, que atualmente estão bastante desenvolvidos nestas matérias e podem ser essenciais no que toca à recuperação de um incidente.

Em conclusão, a disrupção digital não vai parar, não a tema. Veja-a como uma oportunidade (não como uma ameaça) para melhorar, inovar, evoluir e destacar-se. Descubra como pode usar a disrupção a seu favor aproveitando o lado positivo da mudança.

Paulo Veiga
(CEO e fundador da EAD – Empresa de Arquivo de Documentação, SA)

(in https://pmemagazine.sapo.pt/disrupcao-inovacao-e-contingencia/)