Números calculados pela Global Footprint Network mostram que as populações mundiais esgotariam no dia 7 de maio os recursos para este ano se aplicassem o modelo de consumo de Portugal. Seriam mesmo necessários 2,5 planetas. A estrutura ambientalista Zero, que colabora com aquela organização internacional, adverte esta sexta-feira para o facto de o país estar a recorrer ao “cartão de crédito ambiental cada vez mais cedo”.
Sábado. Seria este o dia em que o mundo ficaria sem os recursos calculados para 2022, caso o padrão de consumo de um português médio fosse replicado à escala internacional. O planeta passaria assim a viver “a crédito”.
Parceira da Global Footprint Network, a portuguesa Zero assinala, em comunicado citado pela agência Lusa, que “Portugal é, há já muitos anos, deficitário na sua capacidade para fornecer os recursos naturais necessários às atividades desenvolvidas”, em termos de produção e consumo.
“O mais preocupante é que a dívida ambiental portuguesa tem vindo a aumentar”, acrescenta.
No mapa da organização internacional, o modelo de Portugal levaria ao esgotamento dos recursos a 7 de maio, um dia após o Japão, mas antes de Espanha, Suíça ou Reino Unido. A Global Footprint Network dedica-se a calcular as pegadas ecológicas da quase totalidade dos países. Trata-se de elencar as necessidades de recursos renováveis e serviços essenciais, comparando-as, em seguida, com os recursos disponíveis no planeta.
A Zero sustenta que os fundos do Programa de Recuperação e Resiliência poderiam inverter o rumo do país, além da adoção de práticas mais sustentáveis.
“O consumo de alimentos (32 por cento da pegada global do país) e a mobilidade (18 por cento) encontram-se entre as atividades humanas diárias que mais contribuem para a Pegada Ecológica de Portugal”, aponta a associação ambientalista.
A aposta numa agricultura mais sustentável, a redução das viagens e o teletrabalho são sugestões da Zero para um caminho de sustentabilidade ambiental, além da utilização de bicicletas e transportes públicos e a diminuição do consumo de proteína animal.
Investimento em mobilidade suave, como a bicicleta, e em produtos sustentáveis são outras propostas da Zero, que sugere, nas práticas individuais, a redução de proteína animal, privilegiar os transportes públicos e consumir de forma mais circular.
Com um registo pior do que aquele que é patenteado por Portugal, há países cujo ritmo de consumo de recursos anuais aplicado ao mundo significaria a rutura em fevereiro. É o caso do Qatar, ou do Luxemburgo.
Por contraste, os modelos de outras nações deixariam o mundo distante deste quadro, com quase todos os recursos intocados. Uma aplicação mundial do padrão da Jamaica, por exemplo, permitiria conservar recursos até 20 de dezembro.
(In site RTP)