Todos queremos o melhor para as nossas empresas: os melhores colaboradores e os melhores clientes. No entanto, por vezes, não queremos a melhor tecnologia. Não a queremos, não apenas porque é cara mas, acima de tudo, porque não a entendemos como facilitadora dos negócios e impulsionadora de eficiências. É natural que assim seja, afinal, a tecnologia muda tanto que nem temos tempo para a assimilar.
Como diz o povo: o que não é natural é assobiar para o lado e ver a banda passar. Não podemos fazer isso de forma alguma. Hoje, o risco de ficar parado é muito maior do que o de tomar uma decisão errada. Até porque as decisões mexem com o status quo e exigem atenção e correção.
Ficar parado é abrir as portas para ver os clientes partirem, bem como os nossos colaboradores. Ninguém quer ser cliente ou trabalhar numa empresa onde “não se passa nada”.
Onde não há ideias, não há inovação e não há compromisso. Podem pensar que estou a exagerar, mas não estou.
O risco de ficar parado é muito maior do que o de tomar uma decisão errada
Façam o exercício que eu fiz recentemente: procurei uma empresa para remodelar o meu jardim. Tive de a procurar, porque o meu atual jardineiro disse que não o fazia, só fazia manutenção. Fiz umas pesquisas online, selecionei empresas com websites apelativos, cujas atividades eram no distrito da minha área de residência e enviei um email detalhado, com fotos e com o que desejava mudar. Uma declinou logo, dizendo que agora não podia sequer apresentar orçamento. As outras, passadas 48 horas, nem acusaram a receção do mail. Numa palavra: impressionante!
Como é possível ter uma presença online que funciona bem nos motores de pesquisa, um website ou redes sociais apelativos e depois não responder a um email?
Depois temos os empresários de micro e pequenas empresas a bradar aos céus de que tudo está mal.
A isto chamo de medo: medo de arriscar, medo de crescer, medo de ter de contratar mais pessoas e assumir mais responsabilidades. Se assim o é, não sejam empresários. Ser empresário é entregar valor a clientes, fazer “crescer” os empregados e ganhar dinheiro, ponto final!
Estas empresas só não estão mortas porque estão ligadas ao ventilador, mas ainda ninguém lhes disse que têm o prognóstico reservado.
Desabafo feito, voltemos ao tema. Há coisas boas nestas empresas: boa imagem, boa exposição nas redes sociais. Então porque é que não há o resto – o que interessa -, o serviço? Falta de visão, diria eu. Gerir é um trabalho de equipa, solidário, com apports de várias naturezas, não é um one man show.
Não deixem que conceitos aparentemente vagos, como a transformação digital (ainda que esta seja fácil de entender), vos afastem da utilização e benefício destas tecnologias.
A transformação digital não é mais do que um conjunto acelerado de mudanças que temos vivido na nossa sociedade, nas empresas, nos governos e que nos deslocaram do mundo analógico para o mundo digital, devidamente suportados em tecnologia, cada vez mais inteligente, acessível e colaborativa.
Em particular no seio profissional, a transformação digital tem-se verificado na adoção de tecnologias digitais na comunicação, nos processos, nas tarefas e operações diárias dos negócios. Em alguns casos, conduziu mesmo a uma mudança de negócios mais tradicionais (como a jardinagem, por exemplo) a um outro nível de inovação e competitividade.
Se investimos nas tecnologias, temos de investir também nas pessoas e nos serviços, com equilibro. Será assim tão difícil perceber?
Paulo Veiga – Ceo
(in https://www.empreendedor.com/de-que-serve-a-digitalizacao-se-nao-a-soubermos-abracar/)