Este artigo não se destina às PME em lay-off ou que apresentaram insolvência (essas, por definição, já definiram a sua situação em termos de comunicação aos colaboradores), nem visa elencar todas as medidas que as empresas devem tomar em prol da segurança dos seus trabalhadores, seja em regime de teletrabalho ou trabalho presencial.

Claro que a adoção dessas medidas é importante mas, para mim, o mais importante é como garantir que a base de todas as relações humanas não se perde: a confiança.

Se em condições normais existem ameaças à relação de confiança entre gestão e colaboradores, muitas delas até originadas por fatores exógenos à vontade das partes, a verdade é que, perante um cenário nunca antes visto na nossa geração, as ameaças motivadas pela pandemia cresceram exponencialmente.

Conseguem imaginar os níveis de insegurança profissional, stress, medo e ansiedade de quem foi para casa em teletrabalho de um dia para o outro e, em especial, de quem está em assistência a menores de 12 anos?

Conseguem imaginar o receio de quem todos os dias tem de vir prestar trabalho presencial e sentir na pele a diminuição do trabalho que realiza, seja por cortes nas cadeias de abastecimento, seja por diminuição de encomendas?

Eu consigo, talvez seja por maturidade, pois há 27 anos que sou empresário e dono de uma PME, seja por desde sempre me ter colocado no lugar de clientes e colaboradores, de forma a melhor perceber as suas expetativas e desejos.

Uma coisa é certa: cuidar das pessoas que integram uma companhia nunca foi algo tão importante e necessário, garantindo, desde logo o cumprimento de eventuais promessas.

Então como garantir o alinhamento de todos de forma a prosseguir a continuidade do fornecimento de serviços e produtos?

A resposta não é direta, mas pode ser simples. Estou a falar de comunicação, mas com especial atenção na transparência, objetividade e assertividade. Passo a explicar:

Transparência – mais do que nunca todos devemos ser transparentes, desde o colaborador que deve ter o sentido de responsabilidade, se tiver um sintoma Covid-19, até à equipa de gestão, que deverá estar ao lado das equipas que prestam trabalho presencial, dando o exemplo e procurando ativamente driblar os obstáculos e encontrar soluções com muita sensatez e equilíbrio emocional;

Objetividade – não é altura para fazer textos românticos ou poéticos. Essa escrita, em muitas alturas importante, agora só trará maior incerteza. As comunicações devem ser curtas e objetivas, focar um tema e nada mais;

Assertividade – aqui é importante ter um olhar sempre estratégico, com planos de contingência na ‘manga’ e saber que dentro de uma empresa só existe uma empresa e não muitas. Só assim poderemos dar respostas coerentes a todos.

Em conclusão, comunicar com os nossos nunca foi tão importante e urgente. Nos dias de hoje, existem várias ferramentas para que todos saibam como vai a nossa empresa, desde logo a presença nas redes profissionais e sociais, bem como os canais oficiais da organização. Devemos usá-las corretamente, recorrendo eventualmente até a uma agência de comunicação.

Isto é o que não se aprende nos livros da escola, mas sim na escola da vida.

(Paulo Veiga, Ceo e fundador da EAD)

(in https://linktoleaders.com/como-gerir-o-capital-humano-das-pme-durante-a-pandemia-paulo-veiga-ead/)