2018 terá sido o ano mais quente nos oceanos, depois das subidas já registadas nos dois anos anteriores.

Os resultados da análise, que publicada na sexta-feira na revista científica Science, fornecem novas indicações de que são infundadas anteriores conclusões sobre uma desaceleração ou “hiato” no aquecimento global nos últimos 15 anos. Desde 1991 que a temperatura dos oceanos tem subido de forma acentuada. Entre 1991 e 2010 a temperatura aumentou, em média, cinco vezes mais depressa do que no período de 1971 a 1990.

“Se se quiser saber onde está a acontecer o aquecimento global há que olhar para os oceanos”, disse Zeke Hausfather, da Universidade da Califórnia, coautor da análise. Segundo o investigador, o aquecimento dos oceanos é “um indicador importante das alterações climáticas” e há “fortes indícios de que está a acontecer mais rapidamente” do que se supunha.

O aquecimento dos oceanos é um marcador crítico das alterações climáticas porque se estima que 93% do excesso de energia solar retida pelos gases com efeito de estufa se acumula nos oceanos. Os investigadores notam que, ao contrário das temperaturas da superfície terrestre, as temperaturas oceânicas profundas não são afetadas pelas variações anuais causadas por eventos climáticos ou por erupções vulcânicas.

A nova análise mostra que as tendências de aquecimento dos mares correspondem às previstas nos principais modelos de alterações climáticas, e que o aquecimento global dos oceanos está a acelerar.

Os modelos indicam que as temperaturas nos primeiros 2 mil metros de profundidade vão subir 0,78 graus celsius até ao fim do século, o que, por efeito da expansão térmica, levará a um aumento do nível das águas do mar de 30 centímetros, que se juntam à subida de nível provocada pelo derretimento de glaciares e campos de gelo. Oceanos mais quentes também contribuem para maiores tempestades e eventos de precipitação extrema.

“Enquanto 2018 será o quarto ano mais quente registado à superfície, deverá ser também o mais quente já registado nos oceanos, como foram 2017 e 2016”, disse Hausfather.

Além da análise de estudos anteriores, a análise tem em conta os dados do programa Argo, uma frota de quase 4 mil robots flutuantes que vagueia nos oceanos e que ciclicamente vai mergulhando a dois mil metros e mede as temperaturas, o ph, ou a salinidade, transmitindo depois esses dados para estações em terra. O Argo fornece dados desde a década passada.
(In Diário de Noticias)