Há uns anos alguém me disse que o presidente da IBM referia que entre as 18h e as 8h a empresa pouco valia, porque as instalações estavam fechadas e as pessoas em casa. A ser verdade, tenho de concordar. As pessoas são, sem dúvida alguma, o maior ativo de uma empresa, mesmo na grande IBM.
Isto é tão importante que o ramo da gestão que mais se tem desenvolvido é a gestão de recursos humanos. Há, atualmente, inúmeras abordagens ao tema da atração, retenção e gestão dos colaboradores nas empresas. Há estudos de soft skills, inteligência emocional, etecetera. Longe vão os tempos da pirâmide de Maslow, ainda assim uma boa base de partida para quem tem nas empresas essa competência de gestão dos RH.
Como atrair talentos
Num mercado global, as multinacionais têm todas as vantagens para atrair e reter os melhores talentos, então, como podem as PME combater isso sem poderem ter as mesmas armas? A resposta não é simples nem direta, mas aqui seguem as minhas sugestões.
Primeiro, é preciso conhecer o mundo em que estes jovens quadros nasceram e vivem, estou a falar da geração do Millennium. Quais as suas expectativas, o que valorizam, como aceitam e abordam os desafios pessoais e profissionais. Depois, é preciso demonstrar que as pessoas contam, isso deverá ser feito com a apresentação da cultura da empresa, o seu ADN, etecetera. É igualmente importante apresentar um projeto, demonstrar que serão uma peça fundamental no desenvolvimento do mesmo e que mesmo nas PME existem possibilidades de fazer carreira, privilegiando um equilíbrio entre trabalho e vida pessoal, formação e, não menos importante, uma avaliação justa e construtiva.
Claro que, o nome de uma grande empresa é altamente atrativo, mas todos sabemos a desumanização que uma multinacional pode ter, longas horas de trabalho, níveis de exigência de resultados exagerados, pouca disponibilidade para treinar jovens que chegam das universidades com poucas bases… Por outro lado, têm um salário inicial aparentemente superior. Atenção: não digo que estes jovens não possam passar por uma multinacional ou duas em início de carreira, isso será até desejável, mas com o avançar na carreira e outros valores a assumirem mais relevância, família, casamento e filhos, muitos por volta dos 35/40 anos optam por sair, desiludidos com as empresas e muitas vezes montam até o seu próprio negocio.
São profissionais ótimos para as PME, têm experiência e podem verdadeiramente acrescentar valor. Claro que geralmente são pessoas mais caras, mas a verdade é que estarão disponíveis para aceitar pacotes remuneratórios ligados a objetivos e outras condições de trabalho mais equilibradas. São igualmente importantes num plano de sucessão de dirigentes numa PME.
Portanto, é uma questão de estarem atentos, porque eles andam por aí e são altamente qualificados.
Paulo Veiga, Fundador e CEO da EAD – Empresa de Arquivo de Documentação
(in http://www.empreendedor.com/ter-melhor-equipa-trabalhar-na-empresa/)