Constitui uma evidência o facto de estarmos a gastar energia de que realmente não precisamos, ou seja, estamos a queimar grandes quantidades de gás e petróleo e, por essa via, a prejudicar o ambiente. A opinião de Paulo Veiga, CEO da EAD – Empresa de Arquivo de Documentação

Este facto, que originou uma mudança de paradigma da sustentabilidade, é uma oportunidade de estratégia inteligente por parte da empresa, podendo representar a redução de custos (diretos e indiretos), bem como uma melhor gestão do risco.

Empresas com práticas ambientalmente responsáveis geram bons negócios para todos, aliás, um empreendedor bem-sucedido e ambientalmente responsável, caracteriza-se pela capacidade de prever, conter e aproveitar o risco, transformando-o em oportunidade. Este universo ambiental é, desde há algum tempo a esta parte, uma oportunidade para o crescimento económico com o uso racional e eficiente dos recursos naturais.

As empresas devem, portanto, encarar a responsabilidade social como uma estratégia significativa de modo a manter ou até aumentar a sua rentabilidade e potenciar o seu desenvolvimento. A crescente consciencialização do consumidor na procura de produtos, serviços e bens que conciliem a relação equilibrada entre ambiente, comunidade e economia é prova disso mesmo.

A existência de um Sistema de Gestão Ambiental é proeminente. Este representa uma ferramenta de gestão que possibilita a qualquer empresa, independentemente do tipo ou dimensão, controlar o impacte das suas atividades no ambiente. Qualquer empresa que se queira afirmar no mercado terá de assumir o compromisso de integrar os aspetos ambientais nos processos de planeamento e tomada de decisão, a todos os níveis, na cadeia de valor, designadamente no que respeita à avaliação dos impactes negativos que possam decorrer das suas atividades e a respetiva anulação ou minimização.

Ao introduzir-se uma estrutura de Gestão Ambiental numa empresa, verifica-se uma alteração/vantagens na organização a diversos níveis, como por exemplo:
– redução de custos;
– minimização do tratamento de resíduos e afluentes;
– eficiência dos processos;
– diminuição de prémios de seguros, coimas, entre outros;
– redução de consumos (matérias-primas, água, energia);
– imagem da empresa perante a sociedade (quando explorada corretamente pelo marketing);
– satisfação e confiança dos clientes;
– maior envolvimento/motivação no sistema, por parte dos colaboradores;
– posição mais competitiva, face aos concorrentes não certificados;

Estas mais valias inerentes à crescente preocupação generalizada com o meio ambiente criaram a já referida procura por produtos “amigos” do meio ambiente e reciclar papel é uma das formas de responder a esta procura.

Poderíamos ser levados a pensar que a tecnologia de computadores e tablets contribuísse para a diminuição do consumo de papel, no entanto, a maioria das pessoas ainda prefere ler conteúdos impressos, ter contacto com livros, revistas, etc.

Dada a tendência, é urgente continuar com a educação da reciclagem de papel, uma vez que há vários fatores de incentivo, para além dos económicos: a preservação de recursos naturais (matéria-prima, energia e água), a minimização da poluição e a diminuição da quantidade de lixo que vai para os aterros.
A manutenção das florestas naturais, com a redução de áreas reservadas à plantação de espécies próprias para a produção de papel, é um importante fator de manutenção do equilíbrio ecológico do planeta e redução dos poluentes atmosféricos. Por outro lado, a qualidade do papel produzido com aparas é inferior à do material produzido com matéria-prima virgem, desvantagem que tem sido paulatinamente solucionada por conta das inovações tecnológicas.

A produção de papel apenas corresponde diretamente a 11% da extração de madeira, cabendo a outras indústrias a maior fatia de responsabilidade, a energia com 55% e a construção (móveis, casas, etc) com 25%.

Acresce que 7% do excedente de produção pode ser reutilizável e o mesmo papel pode ser reciclado entre 7 a 10 vezes, pois sendo formado por fibras oriundas da celulose, estas degradam-se a cada reciclagem. Cada 50 quilos de papel usado transformado em papel novo evita que uma árvore seja cortada.

Em suma, as empresas são grandes responsáveis pela produção de resíduos, seja através da necessidade de matérias-primas, seja através do refugo do processo de produção. A mudança para práticas sustentáveis terá de incluir a diminuição da procura de matérias-primas, a redução de desperdícios e a eventual transformação dos resíduos em recursos. Só assim se consegue um mundo sustentável.

Paulo Veiga, CEO da EAD – Empresa de Arquivo de Documentação